Potencial de batata-doce portuguesa descoberto por alemães

A Atlantic Sun Farms tem 12 trabalhadores fixos. Nos picos - plantação e colheita - são 30 a 40 pessoas. A batata-doce é colhida entre setembro e outubro.

Tudo começou com a compra da quinta Montes de Cima, em São Teotónio, Odemira. Havia exploração agrícola, mas curiosamente não se produzia batata-doce. Uma empresa alemã apostou com tecnologia no potencial do produto 'tosco' e levou-o para outros mercados na Europa.

Ipomea batatas L, nome científico atribuído à planta herbácea de raízes tuberosas vulgarmente designada por batata-doce.

Originária da América do Sul, conhecem-lhes muitas variedades e as polpas diferenciam-se na cor. Há brancas, amarelas, laranjas e roxas. Do valor nutricional que lhe surge associado, destaque-se o baixo índice glicémico.

A grande produção em Portugal concentra-se na zona do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, graças ao clima moderado, solos arenosos, localização perto do mar, e, onde, as geadas são menos frequentes. Inserida na região, a empresa portuguesa Atlantic Sun Farms iniciou um projeto inovador em 2012 dedicando-se em exclusivo ao seu cultivo.

A Atlantic Sun Farms, maior produtora do país, com 100 hectares e 2500 toneladas por ano, é dirigida pelo parceiro alemão Fritz Marshall, depois do produto tradicional desta região ter captado a atenção para um investimento estrangeiro diferenciador.

A Fritz, primeiro adquiriu a quinta Montes de Cima, em São Teotónio, Odemira, à qual se juntariam depois a Quinta da Azenha e a do Monte Paris. Depois, trouxe a modernização.

No último ano foram produzidas nove variedades de batata-doce, cinco das quais destinadas aos mercados alemão e holandês.

«Queremos ser muito bons a produzir, a vender, a prestar o serviço completo de produção e comercialização», destaca Margarida Carvalho, gestora de vendas e marketing da Atlantic Sun Farms.

Ao «saber fazer» português, juntou-se a tecnologia do parceiro alemão. A parte que facilita o trabalho e o torna mais eficiente. Com máquinas desenhadas à medida, afinam o cultivo, a produção e a colheita, sendo esta de particular relevância no manuseamento de um produto com uma casca tão sensível.

A estratégia delineada associa-se à forte procura de mercados não produtores, como a Alemanha e Holanda, onde o consumo de batata-doce está em grande crescimento, e às potencialidades de um mercado abastecedor mais perto que os EUA.

«Os produtos portugueses têm uma boa imagem na Alemanha. São associados a qualidade», destaca Margarida Carvalho. A batata-doce nacional segue na sua esmagadora maioria para exportação e já é introduzida no Reino Unido e Bélgica. Captar o norte da Europa está sem dúvida no horizonte.

Por serem membros da Associação Nacional de Produtores de Batata Doce de Aljezur têm o selo europeu IGP (Indicação Geográfica Protegida) para a Lira, certificação da variedade que é produzida apenas naquela zona. A restante produção da Atlantic Sun Farms possui certificação internacional GlobalGAP, de boas práticas agrícolas, e uma garantia adicional denominada GRASP que atesta as boas práticas sociais. Qualidade para o produto e para quem trabalha a terra.

O projeto da batata-doce foi um dos vencedores do Prémio Intermarché Produção Nacional de 2014. Apostados em «ter batata até à colheita seguinte», lançaram-se este ano num novo investimento: viveiros em estufas para produzirem plantas isentas de vírus.

Alargaram os armazéns e as condições de armazenamento, introduzindo mais câmaras de ambiente controlado entre 12 e 14 graus, assegurando uma maior durabilidade e qualidade do produto. Não existe nenhuma lavagem nem embalamento antes de haver uma encomenda. Vão ainda aumentar a área de produção para assegurar o fornecimento ao mercado ao longo de todo o ano.

Fonte: Expresso

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