Por: José Manuel Rodrigues Silva
Os pequenos frutos, e em especial o mirtilo, ganharam um espaço de estudo e ensaio no Campo Experimental que a Agim criou em Sever do Vouga
Uma fonte de investigação e um instrumento de trabalho que vai permitir a realização de ensaios e experiências que produzam conhecimento para toda a fileira dos pequenos frutos, em especial para o mirtilo. É esta a principal finalidade do Campo Experimental de Pequenos Frutos que a Agim tem em funcionamento em Sever do Vouga desde o passado mês de setembro.
É intenção da Agim que o Campo Experimental, que tem uma área de seis mil metros quadrados, permita aumentar o conhecimento técnico e científico na área dos pequenos frutos e que consiga encontrar soluções e respostas para alguns dos problemas que se verificam nesta fileira e auxiliar os produtores na sua tarefa.
Sob a supervisão de Pedro Brás de Oliveira, investigador do INIAV que foi convidado para diretor científico do Campo Experimental, os técnicos da Agim irão fazer um conjunto de experiências e estudos de produtividade que terão em conta não apenas o clima e o solo da região mas que coloque diversas cultivares em diferentes estados de produção, casos da cultura ao ar livre, no solo e em vaso; e da cultura em túnel, também no solo e em vaso. Outros aspetos relacionados com o cultivo dos pequenos frutos serão também alvo de análise profunda, nomeadamente os que dizem respeito ao compasso a aplicar, rega, fertilização, poda, tratamentos fitossanitários e práticas culturais, escolha das cultivares que melhor se adaptam a cada região de acordo com as suas condições edafo-climáticas e obter soluções para o controlo de pragas e doenças. Os técnicos da Agim irão também investigar o efeito do comportamento de diferentes variedades através do estudo do ciclo fenológico, fazendo análises à fenologia das plantas tendo em conta o local onde se encontram com variedades já instaladas e outras a implementar. Esse estudo será feito com o recurso a registos semanais de cada estado nas variáveis de cultura ao ar livre e protegida, a iniciar no estado gomo de inverno através de uma amostra aleatória de todas as variedades.
Em cada uma dessas plantas será selecionado um ramo para observação, que estará devidamente identificado.
No Campo Experimental será também estudado o ciclo produtivo através da realização de uma colheita semanal por planta, fazendo-se o registo dessas datas com o objetivo de determinar o número de dias necessários para a colheita de todos os frutos de cada variedade. O calibre do fruto também será analisado através da pesagem de uma amostra de 50 frutos por planta, para cada uma das variedades, nos diferentes compassos, bem como a verificação do grau Brix para cada variedade nos diferentes compassos. Neste momento são 19 as variedades de plantas de mirtilo que compõem o Campo Experimental entre as do Norte, Sul e Rabbiteye, distribuídas por vários compassos de plantação, havendo ainda plantadas groselhas e morangos.
Com a aposta neste Campo Experimental a Agim quer “contribuir para o aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos pequenos frutos a nível nacional, dando uma melhor resposta às necessidades dos agricultores a nível do aconselhamento e do apoio técnico”. Em paralelo, esta associação quer continuar a afirmar-se como entidade que pretende “abranger e defender os interesses socioprofissionais de todos os intervenientes da fileira dos pequenos frutos em Portugal, sejam eles produtores, técnicos ou organizações de comercialização”.
Pedro Brás de Oliveira, investigador do INIAV, destaca a importância deste espaço, que “é de ensaio, de experimentação, mas fundamentalmente dirigido aos produtores que têm de vir aqui ver quais as melhores práticas a implementar e os novos sistemas de produção”. O técnico alerta para os muitos erros que têm sido cometidos e entende que “é preciso lutar para que essas asneiras deixem de ser feitas através de campos experimentais como este”. E é neste ponto que estes campos são “fundamentais”, sublinha Pedro Brás de Oliveira.
