Olivoturismo em debate no Alentejo revela dados sobre o setor do azeite

80 a 90% da produção nacional de azeite é oriunda do Alentejo. A produção em 2024 deverá atingir as 190 mil toneladas.

O Évora Olive Hotel acolheu a conferência "Olivoturismo: O Regresso às Origens", um evento que reuniu importantes players do setor do azeite e do turismo para discutir as oportunidades do olivoturismo como um motor de desenvolvimento regional e promoção do azeite português.

O evento foi marcado por insights e dados relevantes que sublinham a importância deste segmento. Rui Torrão, Administrador do Grupo Art and Soul, destacou o valor do olivoturismo como ferramenta de preservação do azeite e das comunidades locais, questionando: "Como pode o turismo ajudar a aumentar a literacia sobre o azeite e fomentar o seu consumo?".

Já José Manuel Santos, Presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, sublinhou a necessidade de modernizar a hotelaria de Évora, ligada às novas tendências de consumo. Apostar no olivoturismo como um produto premium é visto como uma forma de diferenciar o destino. Anunciou ainda planos para a realização de um grande evento de olivoturismo para 2025.

No painel “O Azeite do Alentejo: o Estado da Nação”, foram ainda apresentados dados que reforçam a posição do Alentejo como líder na produção de azeite:

●       80% a 90% da produção nacional de azeite é oriunda do Alentejo, segundo Mariana Matos, Secretária-geral da Casa do Azeite.

●       A produção deste ano está projetada para atingir as 190 mil toneladas, um aumento significativo em relação a anos anteriores, graças a novos investimentos e ao fornecimento de água pela barragem do Alqueva.

●       A nível de exportação, 40% do azeite é destinado à Europa, nomeadamente mercados como Hungria, Polónia, Bélgica e Suíça, enquanto 60% é consumido internamente, como destacou o olivicultor Nuno Paixão.

Além disso, Francisco Dias, Coordenador do projeto Olive4all, revelou dados sobre o perfil do olivoturista, baseado em estudos do projeto. 

●       94% dos turistas nunca tinham tido uma experiência de olivoturismo antes.

●       O olivoturista é, em média, de idade madura, com bom poder de compra, urbano e com um nível cultural elevado.

●       Os turistas demonstraram grande interesse por atividades como degustações de azeite e visitas a olivais milenares.

No painel “Literacia em Azeite: Mito ou Convicção de uma Mentira?”, foi discutida a necessidade de maior literacia sobre o azeite em Portugal:

●       Edgardo Pacheco, jornalista e criador de projetos ligados à gastronomia, criticou a falta de educação sobre azeite nas escolas de hotelaria, enfatizando que o país continua a vender azeite a granel, sem uma estratégia clara de criação de marca.

●       Ana Carrilho, diretora da Unidade de Negócio de Azeites do Esporão, destacou que o público, mesmo com acesso ao azeite em casa, tem pouca consciência sobre a qualidade do produto. Sublinhou a importância de introduzir cadeiras sobre azeite nas escolas de hotelaria e de criar um curso de sommelier de azeite.

●       Mariana Carmona e Costa, Diretora Agrícola & Azeite, Pousio, refere ainda que países como a Itália compram azeite português e o revendem a preços superiores.

Finalmente, o painel “O Olivoturismo é uma realidade?” trouxe exemplos de experiências turísticas já em curso:

●       Henrique Herculano, Olive Oil Executive Director, Casa Relvas, mencionou que o Lagar da Casa Relvas já atrai turistas nacionais e estrangeiros, com uma aposta crescente no olivoturismo.

●       Marta Jordão, Olivicultora e Produtora de Azeite, Monte de Portugal, destacou que, desde 2010, a sua unidade de turismo “força” os visitantes a participar numa prova técnica de azeite, o que gerou grande curiosidade entre os hóspedes, especialmente portugueses.

A conferência terminou com a reafirmação do compromisso de fazer do olivoturismo uma peça-chave na oferta turística do Alentejo, com grande potencial para valorizar o azeite português e apoiar as comunidades locais.

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