O futuro do agroalimentar na Europa

Opinião de Pedro Queiroz

Pedro Queiroz é diretor-geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA)

Pedro Queiróz

Ursula von der Leyen esteve em Lisboa no final do mês de setembro. De agrado geral foram os rasgados elogios que a presidente da Comissão Europeia teceu a Portugal, afirmando que o país “não é apenas um exemplo de como encontrar uma saída para a crise - com boas ideias, trabalho árduo e disciplina”, mas também “um modelo na definição do caminho rumo ao futuro”.

Contudo, entre as mensagens deixadas por von der Leyen, parece-nos igualmente importante sublinhar a nota feita sobre a importância do contributo de cada país na construção deste novo futuro: “a União Europeia só será forte e resiliente quando cada um dos nossos Estados-Membros for forte e resiliente”.

Reside aqui o ponto fulcral. Numa altura em que cada Governo olha atentamente para as suas necessidades financeiras, económicas e sociais, impera mantermos a “identidade europeia”, cujo um dos principais pilares é o Mercado Único.

Com diversos especialistas a preverem a ascensão de políticas protecionistas, é imperativo que haja uma especial atenção para os sinais que surjam neste sentido, pois os seus resultados nunca serão positivos. Basta olharmos para o impasse do Brexit. Aliás, a este propósito, a CIP manifestou recentemente a sua preocupação pelo atraso na negociação sobre as relações futuras com a UE e pelos seus riscos acrescidos para as empresas.

Indiscutivelmente, é momento de exaltar o que cada país tem de melhor e incentivar cada cidadão a valorizá-lo. Mas é altura de fortalecer a cooperação entre os estados europeus para reforço de uma união de mercados e na qual cada nação tenha, ainda assim, uma palavra. 

Esta fórmula, assente na partilha e na colaboração, é especialmente relevante quando falamos da indústria agroalimentar por ser um setor que, ao mesmo tempo, tem tido um papel fundamental para a garantia da sustentabilidade do consumo nacional e apostado na sua internacionalização.

Acima de tudo, pelo papel essencial no dia-a-dia dos cidadãos e por ser motor de desenvolvimento na sustentabilidade ambiental, na investigação e ciência e na digitalização de processos e em novos modelos de produção e negócio, a indústria agroalimentar defende precisamente uma união nacional de escala global.

Se Portugal está bem posicionado para ser “um modelo” de futuro, este modelo tem de estar assente na afirmação europeia – e mesmo transeuropeia - dos melhores contributos dos diversos setores da economia e da sociedade.

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