O combate às infestantes do arroz em Portugal

O combate às infestantes do arroz em Portugal

Por: Eng.º Gonçalo Canha, Chefe de Produto Arroz da Lusosem, S.A.

A cultura do arroz, pelas suas especificidades, obriga agricultores, técnicos e empresas do sector fitofarmacêutico a um trabalho permanente de experimentação e desenvolvimento na procura de soluções inovadoras para a cultura, sempre na óptica da optimização da produção quer quantitativa, quer qualitativa.

Neste âmbito, e no que diz respeito à cultura do arroz, o controlo das infestantes surge como um dos temas mais delicados. De facto, dentre os factores que reduzem o potencial produtivo do arroz, as plantas infestantes assumem lugar de destaque devido aos efeitos negativos observados no crescimento, desenvolvimento e produtividade (Andres & Machado, 2004).

Numa perspectiva agronómica, verifica-se o aumento da incidência (uma elevada pressão) de plantas infestantes nos solos dedicados ao arroz, muito devido ao sistema de cultivo que dificulta a rotação de culturas. As perdas causadas pela competição com plantas infestantes resultam na redução da produtividade, redução da eficiência da colheita e da qualidade dos grãos colhidos.

Numa perspectiva ambiental, e por serem aplicados em canteiros inundados, os herbicidas têm também que ter um perfil ecotoxicológico muito favorável, principalmente para organismos aquáticos.

Numa perspectiva económica, a pressão crescente sobre os custos de exploração obriga o orizicultor a fazer uma escolha ainda mais racional relativamente às soluções herbicidas existentes.

A procura constante das melhores soluções técnicas, económicas e com melhor perfil ambiental

A Lusosem e a DOW AgroSciences, partilhando um forte know-how na experimentação e desenvolvimento de soluções para a cultura do arroz trabalham em conjunto há já vários anos, com técnicos e orizicultores, para conseguir as melhores soluções herbicidas para o Arroz, tanto na vertente técnica (eficiência e selectividade), como na vertente económica, não descurando nunca o perfil ambiental dessas soluções.

Dessa colaboração desenvolveu-se a substância activa propanil (marcas Stam F34, Stam Novel Flo e Stam Ultra D) que durante vários anos foi líder de mercado. A apresentação de sucessivas formulações de propanil com cada vez menor impacto ambiental foi um objectivo constante dos departamentos de investigação e experimentação.

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Em 2006, com o lançamento de penoxulame (marca Viper), revolucionou-se o modo de aplicar herbicidas no arroz. Não era necessário considerar o estado de desenvolvimento do arroz, apenas das infestantes presentes (tipo de infestação e fase). O Viper apresenta um amplo espectro de acção, sendo eficaz sobre as principais infestantes do arroz, ao que alia uma excelente selectividade para a cultura do arroz.

Nos últimos 10 anos a flora dominante dos arrozais modificou-se. Diminuiu a pressão de Echinocloa crus-galli (milhã roxa ou pé-de-galo) e esta foi sendo substituída pelas milhãs brancas “difíceis” (Echinochloa oryzoides, Echinochloa phyllopogon…). A pressão da infestante denominada negrinha (Cyperus difformis) também tem aumentado bastante nos arrozais.

Recentemente, surgiu uma nova infestante, a Leptochloa spp.. A região do vale do Tejo é para já a mais afectada por esta espécie, apesar de já terem sido identificados exemplares nos vales do Sado e Mondego.

O permanente investimento na procura do conhecimento “in situ” levou à  instalação de campos experimentais nas 3 principais zonas orizícolas, que tem permitido avaliar no terreno as melhores soluções para combater com sucesso as infestantes do arroz.

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Assim, a Lusosem e a DOW AgroSciences estão a trabalhar várias soluções e técnicas, algumas já em uso, outras para um futuro próximo, destacando-se:

  • Para o combate às milhãs brancas “difíceis”, o momento de aplicação dos herbicidas é fundamental, pelo que se têm alertado técnicos e orizicultores para o respeito pelas recomendações técnicas para cada produto;
  • A homologação do triclopir (Garlon) a nível europeu, permitirá disponibilizar mais uma solução para o controlo de Cyperus difformis (negrinha) e Heteranthera sp.;
  • A disponibilização da mistura em “tank mix” de penoxulame (Viper) e cialofope-butilo (Clincher), solução proposta para o combate à Leptochloa spp., que permite ainda controlar um grande espectro de outras infestantes de folha estreita e larga, nomeadamente milhãs, ciperáceas, Alisma sp. (Orelhas-de-mula) e ainda graminhão ou escalracho do arroz (Paspalum paspalodes).

Desde o início que a Lusosem tem uma preocupação permanente sobre a sustentabilidade da cultura do arroz a nível nacional, levando à procura e desenvolvimento das melhores soluções técnicas e de melhor perfil ambiental não descurando a conta de cultura dos orizicultores portugueses e consequentemente a vertente económica das soluções propostas.

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