Novas OP’s vão dinamizar agricultura do Centro e Norte Alentejano

A Cersul está na génese da criação de duas novas Organizações de Produtores (OP) – Alentejanices com Tomate e Azeitonices – que querem dinamizar a agricultura do Centro e Norte Alentejano, apostando no olival e amendoal, como culturas alternativas.

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Num colóquio, realizado a 21 de fevereiro, em Elvas, com mais de 500 participantes, ficou patente que a produção organizada é a solução para assegurar a competitividade agrícola da região e combater a desertificação.

«A Agricultura é a atividade que pode dar novo alento à economia do Centro e Norte do Alentejo, através do fomento da produção organizada e atuante, com a introdução de culturas agrícolas mais rentáveis e canais de escoamento adequados», afirmou Luís Bulhão Martins, presidente da Direção da Cersul, Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul, na sessão de abertura do colóquio “Competitividade do Amendoal e do Olival”.

O evento teve o propósito de apresentar o projeto e o trabalho das duas novas OP, que nascem por iniciativa de alguns dos principais agricultores da região e membros da Direção da Cersul.

A Alentejanices com Tomate, reconhecida como OP em 2016 e herdeira da experiência acumulada desde 1998 pela Altol, tem atualmente 33 produtores associados e um volume de negócios aproximado de 10 milhões de euros. Está reconhecida como OP de frutas e hortícolas e, em breve, terá também o reconhecimento como OP de produção de amêndoa.

A Azeitonices foi criada este mês de fevereiro por 34 sócios fundadores e está reconhecida como OP de olival e azeite.

José Maria Falcão, agricultor de referência na região e um dos mentores do projeto, revelou a ambição desta OP: agrupar 10.000 toneladas de azeitona já este ano e contratar postos de receção da azeitona em lagares chave da região para os sócios.

Em 2020 estima-se que a Azeitonices agrupe 20.000 toneladas de azeitona (4% da produção nacional) e perspetiva a criação de um lagar próprio.

As regras de funcionamento da Azeitonices pautam-se pela equidade e transparência: cada sócio individual pode deter apenas até 10% do valor da OP e as quotas de entrada são calculadas em função do potencial produtivo da exploração agrícola de cada sócio.

«Estamos numa região pouco organizada e o mercado do azeite apresenta grande variação interanual. Precisamos, por isso, de nos preparar para o futuro, agrupando a produção. Esta é a nossa solução para a sustentabilidade da fileira do olival e azeite», disse José Maria Falcão.

Durante o colóquio foram elencadas as medidas de apoio público às OP, entre as quais, os Programas Operacionais através dos quais pode ser financiado investimento em novas plantações dos sócios, trabalhados de preparação se solos, aquisição de plantas, sistemas de rega, entre outras ações.

O fundo operacional destes programas é comparticipado a 50% por dinheiro da União Europeia (não depende dos fundos do PDR2020, nem do Orçamento do Estado), até um máximo de 8,2% do valor da produção comercializada pela OP.

No âmbito do PDR 2020 estão abertas, até 31 de março, as candidaturas à Medida 3 - Investimento da Exploração Agrícola, com uma dotação orçamental de 50 milhões de euros.

«Vai haver grande adesão dos agricultores, espera-se que o valor das candidaturas ultrapasse em 10 vezes o valor disponível», estimou Pedro Santos, diretor-geral da Consulai, consultora de referência que esteve na organização do colóquio.

As novas regras de avaliação das candidaturas ao PDR2020 obrigam a uma cuidadosa análise prévia da viabilidade económica dos projetos.

«É fundamental que os agricultores desta região acreditem nestas novas OP, que se organizem e se rodeiem de bons profissionais, tanto na fase de candidatura como de execução dos investimentos», rematou.

O colóquio contou com a participação da Todolivo, empresa especializada em projetos chave-na-mão de olival e amendoal superintensivo. A empresa iniciou em 2013 a instalação de amendoais em sistema superintensivo e encontra-se a estudar as melhores variedades, porta-enxertos, compassos de plantação e tipos de poda para este tipo de amendoal.

Na sessão de encerramento estiveram presentes os presidentes das Câmaras Municipais de Elvas, Nuno Mocinha, Campos Maior, Ricardo Pinheiro, e Arronches, Fermelinda Carvalho, que foram unânimes em manifestar o apoio às novas OP e aos agricultores da região.

Este colóquio é o primeiro de três iniciativas. A 21 de Abril decorrerá em Monforte um Dia de Campo dedicado às culturas do amendoal e olival e em Outubro (em data a anunciar) será organizado mais um Dia de Campo e o colóquio de encerramento.

Os eventos são patrocinados pelas empresas: ADP, Arysta, BASF, Bayer, BPI, Crédito Agrícola, Lusosem, Novo Banco, NutriSapec, Sapec Agro Portugal e Syngenta. Com o apoio da Consulai e da Todolivo. 

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