Novas leis da floresta não pensam nas alterações ao clima

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O investigador Filipe Duarte Santos considera que a reforma da legislação florestal foi criada sem ter em conta as alterações climáticas que poderão mudar muito o tipo de clima de boa parte do sul do país.

«É surpreendente que este pacote legislativo, que é bem vindo e tem muitos aspetos positivos, não tenha tido em conta logo de início aqueles departamentos da administração central que têm a responsabilidade da adaptação às alterações climáticas», afirmou à Lusa, à margem de uma conferência sobre investigação florestal na semana passada.

Falando no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, Filipe Duarte Santos afirmou que «daqui a 50, 60 anos, o clima vai ser diferente», o que se deve refletir nas novas florestas que estejam e venham a ser plantadas, uma vez que «a floresta é um investimento a longo prazo».

«Quando se faz uma política florestal tem que se ter um horizonte temporal de 40 ou 50 anos», afirmou, referindo-se ao pacote de legislação aprovada em Conselho de Ministros em outubro de 2016.

No sul do país, por exemplo, «a floresta é vulnerável, sobretudo o montado», que desde há cerca de 50 anos tem cada vez menos chuva anualmente.

«Se continuar o decréscimo de precipitação e o aumento das temperaturas, as condições, que já não são ótimas, vão degradar-se e é necessário ter isso presente», defendeu, acrescentando que a floresta pode adaptar-se, mas que a ação humana também pode ajudar.

O catedrático da Universidade de Lisboa afirmou que «as pessoas que estão a investir na floresta e a plantar novas florestas têm que ser informadas sobre as condições climáticas futuras, até por uma questão económica».

Filipe Duarte Santos, especialista em Geofísica e Física Nuclear, apresentou projeções que, no pior dos cenários de continuado aquecimento global, vão significar que no fim deste século o Algarve e o Alentejo poderão ter um clima desértico, com cada vez menos caudal nos rios, nomeadamente o Tejo.

No plano internacional, considerou que «a China vai liderar o combate às alterações climáticas», quer por a sua economia se basear no carvão e ser extremamente poluente, quer por estar cada vez mais sujeita a fenómenos climáticos extremos.

Fonte: TSF 

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