Murchidão do milho por Cephalosporium maydis

Murchidão do milho por Cephalosporium maydis

Por: Pioneer Hi-Bred Sementes Portugal

Embora esta doença se localize em zonas endémicas, como o Egito ou a Índia, onde se supõe uma grave ameaça para a produção do milho, registou-se igualmente a sua presença em Israel, Hungria, Portugal e Espanha. As perdas de produção por esta doença, em variedades sensíveis, podem atingir os 70% do potencial produtivo consoante o estado de desenvolvimento das plantas em que se expressam os sintomas. É uma doença com grande impacto em importantes zonas de cultura do milho em Portugal, nomeadamente, Vale do Tejo, Mondego e em algumas áreas do Alentejo.


Desenvolvimento do Cephalosporium

Cephalosporium maydis é um fungo de solo pouco competitivo que, sobre matéria orgânica, se pode desenvolver como saprófita e que se reproduz assexuadamente mediante conidióforos. O ótimo desenvolvimento desta doença ocorre entre os 27-300ºC, enquanto que, abaixo dos 10-130ºC ou acima dos 35ºC o seu desenvolvimento vê-se significativamente reduzido. Em condições desfavoráveis também produz esclerócios que podem permanecer no solo durante vários anos, germinando apenas quando as condições se apresentarem ótimas para a sua evolução. A infeção tem lugar aproximadamente 35 dias após a sementeira. À medida que o desenvolvimento das plantas se dá, são cada vez menos as que se vêm afetadas porque a partir dos 35-50 dias tornam-se tolerantes ao Cephalosporium. Os sintomas não se expressam até que a cultura esteja numa fase adiantada do ciclo e, após o aparecimento da panícula, caracterizam-se por uma rápida secagem das folhas basais que  progride até ao topo da planta, embora o principal sintoma evidenciado por esta doença seja a descoloração e enrugamento dos primeiros entrenós do caule (figura 1).

p12 fig1 2
Quando o Cephalosporium maydis afeta uma planta, a mesma fica mais exposta a outros fungos secundários, que rapidamente se instalam e agravam o estado sanitário das plantas. As diferentes formas de propagação do fungo mantêm-se sobre os resíduos do milho que ficam no solo, infetando as jovens plântulas através das raízes e do mesocótilo (fig. 2). Qualquer dano causado por insetos ou nemátodos pode supor uma via de entrada para o fungo. Inicialmente, desenvolve-se lentamente dentro dos vasos do xilema que transportam a água e os nutrientes ao resto da planta mas, após um período de aproximadamente cinco semanas, começa a desenvolver-se rapidamente bloqueando qualquer fluxo para as partes superiores da planta. Embora o método de controlo mais efetivo seja o uso de variedades tolerantes, nunca se pode garantir a ausência desta doença em zonas de alto risco simplesmente com o uso da tolerância genética, com o qual também se recomenda ter em conta algumas práticas culturais que podem reduzir o risco.

Controlo do Cephalosporium

Em Portugal, no inicio da década de 90, e pela primeira vez, a presença do Cephalosporium maydis foi registada na zona do Tramagal, pelo Departamento técnico da Pioneer. Desde então, a investigação não mais parou de estabelecer programas de experimentação e seleção de material genético, com o objetivo de encontrar e divulgar aos agricultores as melhores soluções técnicas para as zonas afetadas por esta doença.

Dado que a sobrevivência do fungo se limita aos primeiros 20 cm de solo, recomenda-se a realização de uma lavoura profunda para enterrar os resíduos e algumas plantas hospedeiras. Neste caso, a sementeira direta ou a mobilização mínima, podem não ser a melhor recomendação, tal como sachas mecânicas efetuadas tardiamente, pela possibilidade de afetar as raízes com maior e mais superficial desenvolvimento.

Por outro lado, e com o fim de evitar a disseminação da doença a novas zonas, recomenda-se a limpeza de todas as máquinas e alfaias utilizadas na exploração imediatamente após a sua utilização em campos onde a presença da doença foi confirmada. O departamento de investigação da Pioneer realiza anualmente ensaios, em micro parcelas, em zonas de alto risco para classificar todas as variedades experimentais e selecionar aquelas que mostram maior tolerância. Atualmente, a Pioneer dispõe de variedades com uma assinalável tolerância à doença (fig. 3 e 4), com provas dadas numa vasta rede de ensaios nas principais zonas endémicas da Península Ibérica, e que se repetem a cada campanha.

p12 fig3 4

No entanto, a informação relativa às variedades mais tolerantes, por si só, não dispensa o perfeito conhecimento das condições de cultura existentes de forma a antever, na medida do possível, todas as interações que possam vir a surgir entre as variedades de milho candidatas e o ambiente de cultura existente. Um planeamento, responsável e sustentado, nas zonas endémicas de Cephalosporium maydis, só é possível com uma exaustiva experimentação e a experiência acumulada ao longo de diferentes campanhas.

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip