Luta contra a praga da vespa do castanheiro intensificada este ano

O combate à vespa das galhas do castanheiro intensificou-se este ano com a realização, em cerca de 50 municípios, de 301 largadas dos parasitas que podem eliminar a praga que pode afetar a produção da castanha.

castanheiro

A denominada luta biológica está a ser concretizada pela Associação Portuguesa da Castanha – RefCast, com sede em Vila Real, direções regionais de agricultura do Norte, Centro e Madeira e pelos municípios onde estão a ser feitas as largadas.

José Gomes Laranjo, presidente da RefCast e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse à agência Lusa que se tem verificado uma dispersão da praga, como era esperado quando foi detetado o primeiro foco de infestação em 2014, e frisou que se está a «acompanhar devidamente a situação».

O método mais eficaz de combate à vespa é a luta biológica e as primeiras largadas foram feitas há dois anos.

Nesta primavera, segundo José Gomes Laranjo, foram realizadas 301 largadas, em cerca de meia centena de municípios. No ano passado, foram feitas 104 largadas em cerca de 30 concelhos.

A luta biológica consiste na largada dos parasitoides “Torymus sinensis”, insectos que se alimentam das larvas que estão nas árvores e são capazes de exterminar a vespa.

Trata-se, segundo o investigador, de um «processo complicado» que leva «quatro a cinco anos a ser evidente».

No entanto, revelou que os resultados preliminares mostram que o parasita se está a conseguir instalar e a reproduzir, ainda que a percentagem seja muito reduzida.

«Os dados experimentais mostram que, ao final do primeiro ano, há apenas cerca de 1% de galhas que estão parasitadas, o que diz bem da dificuldade do processo no momento inicial. Mas, depois, ele começa a alargar de uma forma exponencial e, ao fim de quatro a cinco anos, já devemos ter cerca de 70 a 80% das galhas parasitadas», explicou.

O responsável apontou ainda uma ligação da praga às condições climáticas. Ou seja, segundo José Gomes Laranjo, nas zonas com climas «mais quentes e húmidos» é onde, de facto, a praga se «está a desenvolver com mais agressividade» e onde há, neste momento, «concelhos mais infestados».

O responsável exemplificou com as zonas do Minho, do Douro e da Madeira.

«A vespa encontra aqui um quadro de desenvolvimento tal que, depois de entrar, rapidamente atinge níveis de ataque brutais», frisou.

Isto aliado, na sua opinião, às variedades de castanha, pode ajudar a explicar porque é que em Trás-os-Montes, território muito quente e seco, a praga não tem a mesma agressividade.

José Gomes Laranjo afirmou que Portugal está a «actuar com a rapidez possível e que a praga deixa».

O objetivo é impedir que se atinja o «estado calamitoso» verificado em outros países da Europa, como Itália, onde esta praga provocou quebras brutais na produção.

Em 2016, Portugal produziu cerca de 45 mil toneladas de castanha. É uma produção com um peso económico relevante em algumas zonas do país, pelo que se tem verificado uma grande mobilização na luta contra a vespa, por parte de autarquias e produtores.

Foi precisamente para unir esforços no combate à vespa das galhas do castanheiro que foi assinado o protocolo “Biovespa”, que junta a RefCast e 56 municípios.

Fonte: Lusa 

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