Identificado novo sistema transportador de açúcares nas plantas

Por: Cristina Sousa Correia

Como é que as plantas levam os açúcares produzidos pela fotossíntese foliar aos seus tecidos?

A resposta é através do floema, um sistema vascular que consiste em células condutoras interligadas circundadas de células acompanhantes e parênquima. As membranas celulares das células condutoras do floema contêm proteínas que activamente transportam os açúcares ao longo destas células. Estes açúcares são transportados sobretudo sob a forma de sacarose.  

Contudo, até recentemente, a etapa anterior da cadeia de transporte dos açúcares estava ainda por investigar, ou seja, não se conseguia explicar detalhadamente como é que os açúcares se moviam das células de parênquima, onde se realiza a maior parte da actividade fotossintética, para dentro das células condutoras do floema. Num estudo recente de cientistas americanos foram identificadas varias proteínas, pertencentes à família proteica SWEET que fazem exactamente isso.

As Sweets localizam-se nas membranas celulares das células de parênquima e actuam como moléculas bombeadoras dos açúcares através destas células. De forma a investigar a função das Sweets, várias linhas transgénicas foram criadas em Arabidopsis thaliana e em plantas de arroz, nas quais os genes correspondentes a cada uma das proteínas Sweet envolvidas foram desligados.    

Verificou-se que quando proteínas Sweet não estavam presentes, a concentração dos açúcares nas folhas aumentava significativamente devido a estes não poderem ser transportados através das células de parênquima. Da mesma forma, verificou-se que as sementes, frutos e raízes das plantas mutantes não recebiam um fornecimento adequado de açúcares.  

Em termos de melhoramento de plantas, a identificação destas proteínas representa a possibilidade de optimização do sistema de transporte de açúcares, o que poderá levar a um aumento dos açúcares em órgãos vegetais agronomicamente interessantes tais como raízes, tubérculos, frutos e sementes.  

Por outro lado, as proteínas Sweet prometem ser uma ajuda na luta contra pragas e doenças. Por exemplo, a bactéria Xanthomonas oryzae, que afecta as folhas do arroz, aproveita-se destes sistemas transportadores SWEET para aceder às reservas de sucrose da planta para delas se alimentar. Estudos que clarificam o papel destes transportadores durante os ataques de pragas estão presentemente a decorrer.  

Mais ainda, os investigadores suspeitam que estas proteínas bombeadoras dos açúcares tenham função semelhante em animais e humanos. Se isto for confirmado, estas proteínas vão tornar-se importantes no controlo da diabetes e da obesidade. As proteínas responsáveis pelo transporte de hidratos de carbono do intestino para o sangue e das células do fígado ainda não são conhecidas.

 

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