Há uma planta exótica que está a ameaçar o Guadiana

A dispersão da planta exótica invasora jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) no rio Guadiana «é preocupante e uma ameaça», devido à sua «elevada capacidade» de propagação e degradação da qualidade da água, mas ainda não atingiu a albufeira do Alqueva.

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Segundo informações prestadas à agência Lusa pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), a dispersão da planta no Guadiana «é preocupante e uma ameaça, pois trata-se de uma espécie exótica invasora com elevada capacidade de propagação e consequentemente com elevada capacidade de degradação da qualidade da água».

A dispersão da planta atingiu a fronteira do Guadiana entre Portugal e Espanha, coincidente com a confluência do rio Caia, em meados de 2014, mas, até agora, as ações desenvolvidas nos dois países «têm sido eficazes na contenção da proliferação de jacinto-de-água para a albufeira do Alqueva», indica a empresa.

A EDIA refere que instalou duas barreiras de contenção no troço internacional do Guadiana, a primeira em 2012 e a segunda em 2014, respetivamente a dez e a três quilómetros a montante da ponte da Ajuda.

No tempo quente, quando o jacinto-de-água apresenta vigor vegetativo e capacidade de flutuabilidade e colonização, a EDIA tem realizado ações semanais de recolha de exemplares do rio, «o que tem sido, até agora, suficiente para impedir a dispersão da planta para jusante em direção à albufeira do Alqueva».

«A adequada manutenção e melhoria das barreiras existentes no rio Guadiana contribui para a operacionalidade e a fiabilidade do sistema», porque é naqueles locais que se podem realizar ações de recolha em resultado da acumulação de plantas junto às estruturas, explica a EDIA.

O «risco eminente de proliferação» de jacinto-de-água em território português e para a albufeira do Alqueva levou o deputado do PCP por Beja, João Ramos, a questionar o Ministério do Ambiente para saber se está acompanhar a situação, que medidas preventivas estão a ser tomadas e se vai reforçar e em que moldes as medidas de prevenção e monitorização.

Segundo refere João Ramos, na pergunta dirigida ao Ministério do Ambiente e enviada à Lusa, a EDIA, em junho de 2015, confirmou a existência de uma mancha de jacinto-de-água, «uma das mais perigosas e resistentes pragas aquáticas do mundo», a cerca de três quilómetros do início da albufeira do Alqueva, na zona da ponte da Ajuda.

«A possibilidade de impacto na albufeira do Alqueva é real e não pode ser descurada», devido aos «enormes custos ambientais e económicos causados pela disseminação do jacinto-de-água», defende o deputado.

O jacinto-de-água «impede a entrada de luz solar e a oxigenação das águas, com graves consequências para fauna e flora» e as zonas afetadas «por esta praga sofrem taxas de evaporação três a quatro vezes acima do normal e a decomposição da planta aumenta os níveis de procura química e biológica de oxigénio», explica o deputado, alertando que «a contaminação pode, no limite, chegar ao ponto de impossibilitar o consumo humano ou o uso agrícola da água».

A EDIA indica que está a estudar a localização, a geometria e o modo de funcionamento de novas barreiras no Guadiana e «a eventual mobilização de procedimentos e equipamentos mais específicos e mais habilitados para o trabalho preventivo de contenção, recolha e processamento» da planta em coordenação com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Confederação Hidrográfica do Guadiana (CHG).

Segundo a EDIA, o jacinto-de-água, por ser uma planta exótica, «morre assim que as temperaturas baixam, representando um problema para a qualidade da água devido à carga de matéria orgânica que comporta».

A EDIA tem mantido colaborações com a CHG e a APA no acompanhamento da situação, o que permite à empresa acompanhar «o esforço desenvolvido em Espanha» para contenção do jacinto-de-água e estar «consciente das implicações que a dispersão da planta poderá ter para jusante».

Fonte: Lusa

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