“Cultivar” discutiu a diversidade de modelos agrícola

“Cultivar na Região: a diversidade de modelos agrícolas” foi o tema abordado no webinar do projeto CULTIVAR, realizado na semana passada, e que contou com a participação de Lívia Madureira, Professora na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Agostinho Carvalho, Engenheiro Agrónomo.

CULTIVAR

Durante a sua apresentação, Lívia Madureira identificou a diversidade dos sistemas agrícolas, reconhecendo tratar-se de uma realidade que tem sido pouco acolhida a nível institucional, pela prioridade dada aos modelos económicos dominantes e às agendas políticas, em particular a política agrícola comum e os programas de desenvolvimento rural mais recentes.

«Ao nível europeu, há uma grande diversidade quando combinadas as estruturas agrárias com as paisagens mais ecológicas e em Portugal encontramos muita diversidade de sistemas agrários. Quando olhamos para o Algarve, por exemplo, mapeamos esta zona como correspondente a uma zona mediterrânea mais seca, de sequeiro extensivo, mas também sabemos que na faixa litoral do Algarve há uma agricultura de regadio intensiva. E, recentemente, até se tem falado muito das questões da escassez da água nesta zona e de como isso pode pôr em causa este modelo mais recente que tem apostado nas novas culturas, como os abacates e as mangas».

«Quando olhamos para esta diversidade, há um aspecto a ressaltar que tem a ver com a diversidade das próprias condições ecológicas, do clima, do solo, se há acesso à água, se o terreno é plano. Na verdade, em Portugal o território é muito diverso, com uma orografia difícil e, em muitos casos, com grande dificuldade no acesso à água».

O engenheiro Agostinho Carvalho centrou a sua apresentação na necessidade de políticas alternativas. «A agricultura, não só a das Beiras, mas também a do Minho e Trás-os-Montes, é uma agricultura com um grande número de pequenas e médias explorações».

Segundo o engenheiro, «a produtividade da terra é baixa, o progresso técnico é fraco e as instituições que enquadram os agricultores são muito frágeis». E explica que «são várias as razões pelas quais isto acontece», sendo que a de maior peso é de natureza política, é a escolha de um modelo de desenvolvimento de agricultura que tem como base a grande exploração que, de acordo com o especialista, «apresenta valores de crescimento negativos e apenas é competitivo e viável com apoios públicos. Se não houvesse apoio, as grandes explorações fechavam atividade mais depressa que as pequenas e médias explorações. Portanto, há aqui um problema que tem de ficar claro, que é um problema político, como é que escolhe um modelo e a quem é que ele serve».

O ciclo de webinars temáticos “Cultivar Diálogos, Construir Caminhos” tem como objetivo promover um diálogo sobre o passado e o presente dos sistemas agrícolas, ajudando a construir caminhos para um futuro que tem de ser obrigatoriamente diferente.

O CULTIVAR é um projeto que pretende responder aos desafios que as fileiras do setor Agroalimentar da Região Centro enfrentam, nomeadamente caracterizar, conservar e valorizar os recursos genéticos endógenos regionais em zonas de baixa densidade, através de uma estratégia de desenvolvimento territorial, promovendo e consolidando a colaboração entre instituições de ciência, tecnologia e ensino superior e o cluster Agroalimentar. É cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

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