Crédito Agrícola apresenta livro “A Banca Cooperativa e o Desenvolvimento Regional e Local”

Decorreu no passado dia 26 de janeiro, no Auditório da Caixa Central de Crédito Agrícola, em Lisboa o lançamento do livro “A Banca Cooperativa e o Desenvolvimento Regional e Local” que teve por base o estudo de investigação realizado pelos professores Luís Antero Reto, Paulo Bento e Nuno Crespo, do Centro de Estudos de Economia Pública e Social.

O estudo, que avaliou o período 2015 a 2020, foca-se no contributo da Banca Cooperativa para o desenvolvimento regional e local, o seu papel no sistema bancário europeu e no desenvolvimento e coesão social em Portugal. Apresenta ainda os principais desafios que a Banca Cooperativa enfrenta, bem como as suas principais diferenças em relação à Banca Tradicional.

O Crédito Agrícola, grupo financeiro de génese cooperativa, constituído, na sua base, por Caixas de Crédito Agrícola, é apresentado no estudo enquanto Banco Cooperativo nacional, com um modelo de atuação distinto da banca tradicional vocacionado para o desenvolvimento da economia e o bem-estar social das regiões onde atuam cada uma das suas Caixas de Crédito Agrícola.

Comparando o Grupo Crédito Agrícola com a Banca Cooperativa europeia e com a restante banca portuguesa, o estudo revela que o Grupo Crédito Agrícola, no período em análise (2015-2020), apresenta resultados altamente positivos. Não só compara muito bem com a banca cooperativa europeia e com a banca portuguesa na maioria dos indicadores (rentabilidade, solvabilidade, eficiência e mercado), como esses resultados foram alcançados sem sacrificar a proximidade aos Clientes (agências, ATM, canais digitais) nem, de forma significativa, postos de trabalho, particularmente nas regiões do interior do território nacional. O Crédito Agrícola conseguiu, inclusive, aumentar o número de clientes e associados, o que significa que o capital relacional da Banca Cooperativa não saiu prejudicado durante o período da crise do “subprime”.

O contributo do Grupo Crédito Agrícola para o desenvolvimento regional e local é amplo, apresentando uma estrutura geográfica distinta da restante banca, com uma maior cobertura do território. Segundo dados de dezembro de 2021, o Grupo Crédito Agrícola detinha 620 agências distribuídas por todo o país, encontrando-se presente em 258 localidades onde é a única instituição bancária. Para além disso, o Crédito Agrícola estava presente, com ATM, em 695 localidades onde não existe outro terminal de caixa automático ou instituição bancária.

Atualmente, o Crédito Agrícola é o Grupo financeiro com a maior rede de agências do país, marcada pela elevada capilaridade e interioridade, com o objetivo de garantir a acessibilidade aos serviços financeiros em localidades economicamente mais desfavorecidas e com menor densidade populacional.

BANCA COOPERATIVA VS BANCA TRADICIONAL

A Banca Cooperativa tem um papel importante dado assumir uma dupla finalidade, tanto a nível de objectivos económicos e financeiros, como a nível de objectivos sociais. São entidades diferentes no que respeita aos modelos de governação, à propriedade colectiva do capital social, à inserção territorial, à dimensão e ao financiamento à economia real, em particular às PME.

Caracterizada por um modelo de negócio conservador, a Banca Cooperativa regista créditos dispersos e de pequeno volume na sua rede local. Esta diferenciação permite uma enorme resiliência em situações de crise económica. Os bancos cooperativos perfilam-se ainda como instrumentos essenciais de redução de desigualdades e de retenção de poupança nas regiões mais desfavorecidas.

Entre 2015 e 2020, a Banca Cooperativa ultrapassou a Banca Tradicional em termos de solvabilidade e eficiência, tendo associada uma rentabilidade muito semelhante com um desvio padrão muito baixo, comparativamente à banca em geral. Factos que justificam a confiança dos clientes nos momentos de crise, mas que reflectem preocupações de sustentabilidade, não no sentido de focar o financiamento em setores verdes, mas numa perspectiva mais global: apoiar a economia real mais do que lucrar com investimentos mais arriscados ou mesmo especulativos; assegurar as melhores práticas de governança; assumir horizontes temporais de longo prazo nas estratégias políticas; avaliar de forma precisa e rigorosa a credibilidade do cliente; e diminuir o risco de negócio.

Em termos de recursos centrais da sua actividade de intermediação financeira, a evolução foi sempre positiva no caso da Banca Cooperativa, tanto em termos de crédito concedido como de depósitos captados. As evoluções médias confirmam o desempenho superior da Banca Cooperativa, face ao da banca em geral, sendo que esta última, registou mesmo uma contracção no crédito concedido, entre 2016-2017. No caso dos depósitos, o diferencial não é tão evidente, mas a tendência mantém-se.

Sobre os autores:

Luís Antero Reto é professor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, instituição de que foi Presidente e Reitor de 2005 a 2018. Licenciou-se em Psicologia pelo ISPA e concluiu o doutoramento em Psicologia Social pela Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, na Bélgica, e a agregação em Marketing no ISCTE, em 2000. Além do ensino e da liderança universitária, desenvolveu uma vasta atividade empresarial e associativa nas áreas dos estudos de mercado, sondagens, formação profissional e responsabilidade social das empresas. As suas publicações incluem algumas dezenas de artigos em revistas científicas e a autoria ou coautoria de mais de uma quinzena de livros.

Paulo Bento é doutorado em Gestão pela The University of Manchester, no Reino Unido. Ingressou na ISCTE Business School (IBS) na área de empreendorismo e inovação, e foi Presidente do ISCTE Executive Education, Director do Executive MBA, e Director do Mestrado Executivo em Gestão Empresarial (2015-18). Foi também Director do Sustainability Knowledge Lab, Editor-chefe da Global Economics and Management Review e Sub-director do Departamento de Gestão. Internacionalmente foi administrador não-Executivo da Moçambicana Transcorn e desde 2009 leciona(ou) em Angola, Brasil, China, Moçambique e Roménia.

Nuno Crespo é doutorado em Economia pela Universidade de Lisboa, sendo presentemente Professor Associado com Agregação do Departamento de Economia do ISCTE e investigador integrado da Business Research Unit (BRU-ISCTE). É autor de vários livros, capítulos de livro e de mais de 50 artigos em revistas científicas, a maior parte delas internacionais indexadas. É membro do Editorial Board de diversas revistas científicas internacionais, sendo Co-editor-in-Chief do Academy of Entrepreneurship Journal. É atualmente Director do Mestrado em Economia da Empresa e da Concorrêcia (IBS), tendo anteriormente lançado e dirigido o Mestrado em Economia Portuguesa e Integração Internacional.

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