CAP apela ao diálogo e bom senso das organizações contra as medidas de flexibilização da agricultura
Seis organizações não governamentais contestaram, através de um comunicado conjunto, a decisão do Governo de flexibilizar medidas na Agricultura devido à Covid-19. A Confederação dos Agricultores de Portugal emitiu um comunicado sobre a situação.
Em concreto, as organizações contestaram a possibilidade de os produtores poderem agora praticar o pastoreio nas áreas de pousio e não serem obrigados à diversificação de culturas nas explorações cerealíferas. A CAP defende que estas são "duas medidas muito específicas", entre todas aquelas que os agricultores "continuam a cumprir para benefício do clima e do ambiente", apelando que entendam que o objetivo passa por “assegurar a alimentação animal na pecuária, bem como contribuir para atenuar as eventuais dificuldades de aprovisionamento de cereais”.
A CAP manifesta, assim, o seu "apoio inequívoco" a estas medidas específicas tomadas pelo Ministério da Agricultura, considerando que o comunicado emitido pelas organizações é "tecnicamente errado, ideologicamente orientado e sem evidências que o sustentem".
Defendendo que esta é "uma boa medida tomada pelo Ministério da Agricultura", a entidade defende ainda o seu ponto de vista, realçando que Portugal não é autossuficiente em cereais e terá sempre que depender de importações para satisfazer as suas necessidades. "Preferem que importemos mais cereais, que vêm de países distantes (com tudo o que isso significa em termos de emissões) quando existem, no nosso país, áreas adequadas para estas culturas e que nos permitirão aumentar um pouco mais a sua produção internamente, controlando a qualidade e com regras ambientais claras e fiscalizáveis?", questionam. Na mesma ordem de ideias, também no caso da permissão do pastoreio das áreas de pousio se trata de uma medida benéfica.
"Finalmente, importa esclarecer que esta medida se aplica apenas às explorações com uma área agrícola superior a 15 hectares, mantendo-se inalterados todas as demais regras ambientais em vigor", destacam, afirmando que a medida é "economicamente racional e valorativa da produção nacional, e também uma medida com impacto ambiental positivo e com um impacto direto na redução das emissões. Menos cereais importados, menos soja importada".
"A agricultura sustenta o mais elevado dos valores: o da vida humana. Sem agricultura não há alimentos, sem alimentos não há vida", é possível ler-se na nota de imprensa. "O agricultor é o primeiro interessado na preservação do ambiente e na gestão adequada dos recursos na sua exploração agrícola. Reconhecendo, contudo, que há sempre espaço para melhorar práticas e conciliar o bem maior de produzir alimentos que sustentam a vida humana com outros valores que são importantes, como o ambiente, o clima e a biodiversidade, a CAP entende que este é o momento do diálogo, e não da crispação", concluem.