As tendências laborais no setor agrícola

Por Victor Pessanha, Manager da Hays Portugal

Tem sido notório o crescente desenvolvimento do mercado laboral nos últimos anos e as perspetivas para este ano são também positivas.

colheita da azeitona

De acordo com o Guia do Mercado Laboral 2019, os empregadores acreditam que este será um ano de estabilidade ou até melhor que o ano anterior, no que respeita ao clima económico. Quanto ao mercado agrícola, este é um mercado competitivo e pequeno, sendo que tem vindo a sofrer um aumento em algumas estruturas comerciais. A nível nacional, 37% pretende contratar perfis comerciais, segundo o relatório. No entanto, estes são também os perfis mais difíceis de contratar, segundo os empregadores.

Os comerciais têm um papel mais técnico e de acompanhamento em campo, tanto numa vertente de aconselhamento ao agricultor como de apoio a nível de análises e definição de planos de rega/fertilização. Sendo que a licenciatura em Agronomia ou semelhante é um requisito obrigatório.

Para além disso, este ano continuará a ser também um ano em que se farão sentir as naturais dores de crescimento de um mercado dinâmico e competitivo, na maior parte dos setores. Desde 2016, vem- -se registando uma clivagem entre as intenções de recrutamento das empresas (82%) e a disponibilidade dos profissionais qualificados para uma mudança efetiva (70%).

Um dos principais temas deste ano é a dificuldade na identificação de talento com as aptidões certas para as empresas. Tem-se denotado que, de uma forma geral, mais de metade (65%) dos empregadores tiveram que optar por contratar profissionais pouco adequados às necessidades das funções que tinham em aberto ou que as empresas sofreram mesmo algum tipo de quebra na performance por causa das dificuldades no recrutamento. No entanto, o mercado agrícola tem vindo a especializar-se e a profissionalizar os seus cargos.

O fator oferta salarial é também um dos maiores temas deste ano, visto que o mercado é liderado pelo candidato, em pleno 2019. De uma forma geral, o pacote salarial é a principal motivação para uma mudança de emprego (62%). E ainda, em 2018, 51% dos profissionais recusaram ofertas de emprego, pois o salário oferecido não era o pretendido. Como exemplo, as empresas de Agroquímicos continuam a posicionar-se como as mais fortes a nível de atração de candidatos e de pacotes salariais mais competitivos, o que dificulta a atração de talentos nos outros setores. Por outro lado, existem poucos profissionais disponíveis no mercado a nível técnico, como por exemplo as áreas de Regulatory, Gestão de Produto, entre outros, pois são perfis muito especializados e que nem sempre existem nas estruturas portuguesas. Assim, os valores salariais destes candidatos têm sofrido um grande aumento. Deste modo, um dos desafios que certamente marcará este ano será o da adaptação a um mercado liderado pelo talento.

A nível de exportação, é importante também destacar que as empresas portuguesas têm apostado em profissionais de exportação principalmente para a Europa do Leste, países como a Roménia, que têm recebido muitos apoios de agricultura.

Quanto ao setor agroalimentar (industrial), as indústrias têm feito uma clara aposta na modernização das suas linhas e desenvolvido novos mercados para os seus produtos, não estando tão dependentes do mercado português. O que leva a uma aposta também em reforço das suas equipas com perfis capazes de fomentar a inovação industrial e com os conhecimentos para tal.

Outro desafio do mercado é o recrutamento para zonas fora dos centros urbanos, o que acontece em muitos casos, tanto da indústria alimentar como agrícola, é bastante difícil atrair profissionais para estas zonas e o que estão disponíveis pedem valores salariais elevados.

Por fim, por causa da pouca proatividade dos profissionais na procura de novas oportunidades de carreira, articulada com as consequências da fuga de talento qualificado para o estrangeiro, durante o período da crise, exigem-se ações imediatas para não se perderem as oportunidades únicas que se apresentam neste momento dentro do país. É importante que as empresas nacionais procurem acompanhar, dentro das suas possibilidades, os exemplos mais atrativos do mercado. Se não for através do salário, os benefícios podem ser uma boa estratégia. Segundo o relatório, os cinco benefícios mais valorizados pelos profissionais são o seguro de saúde, formação, flexibilidade de horários, automóvel para uso pessoal e por fim, possibilidade de trabalhar a partir de casa.

Nota: Artigo publicado na edição impressa da Agrotec 32.

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