Albufeira do Roxo recebe pela primeira vez água do Alqueva para abastecimento e rega

A albufeira do Roxo, que está a 21% da capacidade útil, vai receber pela primeira vez, a partir desta quinta-feira (9 de junho), água do Alqueva para garantir rega e abastecimento público aos concelhos de Beja e Aljustrel.

Segundo a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), a barragem vai começar a transferir 15 milhões de metros cúbicos (m3) de água para a albufeira do Roxo, através da central mini-hídrica ali instalada, para «alimentar» os perímetros de rega e garantir o abastecimento público a Beja e Aljustrel.

O início da transferência de água vai ser assinalado a 9 de junho, num ato junto à central mini-hídrica do Roxo, no concelho de Aljustrel, distrito de Beja, e que conta com a presença do comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, e do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos.

O presidente da Associação de Beneficiários do Roxo, António Parreira, classificou o início da transferência de água do Alqueva para a albufeira do Roxo como «um momento histórico», porque é «ansiada há 50 anos» pelos agricultores.

Segundo António Parreira, a transferência vai «resolver os problemas de falta de água para rega» ao «reforçar» o volume útil da albufeira do Roxo, que, actualmente, é de 18.300.000 m3, ou seja, está a 21% da capacidade útil, que é de 85.500.000 m3.

A albufeira do Roxo «não tinha água suficiente para alimentar todos os anos a zona regada e houve anos em que os agricultores não puderam regar ou regaram com limitações», lembrou, referindo que este ano, devido ao baixo armazenamento de água na albufeira, «os agricultores não poderiam regar e a pouca água teria de ser rateada».

No entanto, frisou, com a transferência de água do Alqueva para a albufeira da barragem do Roxo, «vai ser um ano completamente diferente e os agricultores beneficiários vão poder regar, porque não vai haver limitações de água».

António Parreira adiantou que também está «resolvido» o problema do preço da água a pagar pelos agricultores, que, «este ano, não subiu muito», graças a um acordo com o Ministério da Agricultura e a empresa gestora do Alqueva.

Segundo a EDIA, o projeto Alqueva, a «mãe d'água» que garante o reforço às principais albufeiras do Alentejo, cumprindo a sua «primeira função» de garantir o abastecimento público, agrícola e industrial na área de influência, está a assegurar a distribuição de cerca de 60 milhões de metros cúbicos de água para reforçar cinco albufeiras.

Além do Roxo, que vai começar a receber água na quinta-feira, a albufeira de Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, está a receber 21 milhões de m3 para garantir os regadios da Infraestrutura 12 e de Odivelas e a albufeira de Vale do Gaio, no concelho de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, está a receber 10 milhões de m3 para o respectivo perímetro de rega.

No distrito de Évora, a albufeira da Vigia já recebeu, desde o ano passado, dois milhões de m3 de água do Alqueva para regar culturas locais e assegurar o abastecimento público ao concelho do Redondo e a albufeira do Monte Novo já recebeu, desde o passado mês de Dezembro, cinco milhões de m3, o que permitiu «melhorar a qualidade da água que abastece os concelhos de Évora, Reguengos de Monsaraz e Mourão».

Segundo a EDIA, a «reserva estratégica de água» criada pelo Alqueva é «capaz de suprir todas as necessidades de água» para a área de 120 mil hectares servida pelo regadio e o abastecimento público de 13 concelhos alentejanos, incluindo os de Beja e Évora, com uma população superior a 200 mil pessoas, «durante quatro anos consecutivos de seca extrema e sem restrições».

Na valência agrícola, na atual campanha de rega, o Alqueva chegará aos 120 mil hectares de regadio, o total previsto no sistema de rega do projeto.

Atualmente, a albufeira do Alqueva está a 80% da capacidade total de armazenamento, garantindo «água para mais quatro anos de seca, se for esse o caso», frisa a empresa.

Alqueva assume-se assim como «a reserva estratégica de água», que, em caso de necessidade, permitirá «enfrentar os períodos de seca» que deixam as albufeiras «à beira do colapso» no Alentejo, «possibilitando que o setor agrícola encontre na garantia de fornecimento contínuo de água o fator diferenciador que serve de base às suas opções de investimento», sublinha a EDIA.

Fonte: Lusa

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