Agroalimentar vai investir 6 milhões em promoção externa

PortugalFoods quase duplica valor do programa anterior e define três eixos estratégicos inovadores para abordar mercados externos ao longo dos próximos três anos.

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A associação PortugalFoods prevê investir seis milhões de euros na promoção externa do setor agroalimentar ao longo dos próximos três anos, uma verba a repartir pelas empresas, mas com ajudas públicas. É um aumento de 80% face ao valor aplicado no triénio que agora termina, avançou o presidente da organização, Amândio Santos.

A par das tradicionais participações em feiras e das missões empresariais (para fora e inversas), que prosseguirão, mas de forma mais seletiva, a indústria agroalimentar prepara três instrumentos inovadores para reforçar a abordagem dos mercados externos, a concretizar já a partir do próximo ano.

Um dos vetores preconiza a criação de um “radar de negócios”, que permitirá às empresas proceder à análise e vigilância de mercados prioritários e, assim, apostar com mais rigor naqueles que mais se adequem às suas especificidades.

Outro eixo estratégico consiste em apostar no que designa por “investigação pré-competitiva”, através da criação de uma plataforma “de excelência”, na qual as universidades serão também parceiras. A ideia é avaliar, por exemplo, as características que um produto precisa de ter para se adequar a determinado mercado.

«Com o seu know-how e recursos, [as universidades] permitirão dar respostas às empresas em tempo compatível com a dinâmica empresarial», assim espera o líder associativo.

«Fará com que as nossas empresas cheguem ao mercado com produtos inovadores, alinhados com as tendências globais de consumo e com a qualidade e segurança alimentar, já reconhecida na nossa indústria agroalimentar no mercado externo», alega Amândio Santos.

Por último, haverá um «laboratório colaborativo», liderado por empresas, que terão à sua disposição recursos humanos especializados, nomeadamente, das universidades envolvidas, para darem «uma resposta rápida e eficaz aos desafios que a indústria identifique como prioritários desenvolver, quer através de linhas de investigação pré-definidas quer através de solicitações no momento».

Amândio Santos aceita que «os desafios [da investigação] tanto podem surgir do lado das empresas, como pode ser o próprio ‘laboratório colaborativo’ a identificar, através de ferramentas de acompanhamento dos mercados, oportunidades de investigação e inovação».

Os mercados a abordar também já estão identificados. Amândio Santos explica haver os «consolidados» que interessa reforçar, como França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Brasil e Angola; os que têm «potencial», como os EUA – «mesmo com a política protecionista de Trump»–, Japão, Coreia do Sul, Médio Oriente e China; e os «novos» que importa conquistar, como Hong Kong, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos e o Canadá, tirando partido do acordo recente com a União Europeia.

Amândio Santos nota que a definição da nova estratégia para fazer aumentar as vendas ao exterior «baseia-se na experiência alcançada ao longo dos últimos cinco anos, que visou consolidar a marca Portugal, como país produtor de bens de excelência».

Nesse sentido, assinala que a atuação da PortugalFoods «foi decisiva para o setor crescer de forma coletiva, no conceito de cluster», com resultados «mais fortes do que se cada empresa participasse isoladamente».

De facto, a realidade superou as metas estabelecidas. Em 2011, a estratégia para a promoção externa da indústria agroalimentar apontava para um crescimento anual das exportações na ordem dos 4%; mas o aumento real acabou por ser de 5,5%, assinala Amândio Santos.

No ano passado, as vendas ao estrangeiro valeram 6,3 mil milhões de euros. E no primeiro semestre deste ano cresceram 6%.

Para a dinâmica alcançada, o presidente da PortugalFoods considera ter sido vital também o contributo da «diplomacia económica» iniciada em 2011, que viabilizou uma maior aproximação entre empresas e entidades governamentais, para a abertura de mercados externos.

As principais linhas da estratégia para o próximo triénio vão ser apresentadas aos sócios da associação (150 empresas, universidades e centros de investigação) no próximo dia 23 de novembro, no Porto, no âmbito de uma cerimónia que pretende assinalar igualmente os 10 anos da PortugalFoods. 

Fonte: Dinheiro Vivo 

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