Açafrão Suber: em Montalvão o Lagar do Clavijo produz um produto de «excelência»
A história desta jovem empresa familiar, na freguesia de Montalvão, concelho de Nisa, começou em 2013. Ao todo são 4 pessoas: dois engenheiros agrónomos, um gestor e uma historiadora de arte. «Uma junção improvável, mas que funciona na perfeição! , dizem à revista AGROTEC. O projeto arrancou em 2014 e o seu açafrão é produzido num sobreiral do norte alentejano, que confere «características únicas ao produto.
Foto: Lagar do Clavijo
Tudo começou com a questão que qualquer pessoa faz para si própria, quando quer dar uso a um pedaço de terra: o que vamos produzir? Em 2013, quando nos deparámos com esta questão, o mercado já se encontrava saturado por vários produtos de excelência que se produzem em Portugal e que são, sem dúvida, de referência em todo o mundo. Assim, havia que escolher algo diferente, sustentável e de altíssima qualidade», dizem os sócios gerentes, Frederico Pinheiro Chagas e Gustavo Passos de Gouveia.
«Foi então que um dos de nós, perguntou: que tal açafrão (Crocus sativus)? Pesquisámos e estudámos o tema durante quase um ano e chegámos à conclusão que seria este o produto da nossa empresa», acrescentam.
Durante 2014 e 2015 fizeram experiências, análises, «tudo o que era necessário para garantir que o projeto, tinha pernas para andar e formalizámos a nossa empresa. Em 2016, apresentámos a nossa ideia no PDR2020, e vimos o nosso projeto ser aprovado. A colheita desse ano, foi a primeira colheita oficial do Lagar do Clavijo Lda, apresentando ao mundo, SUBER, o Açafrão Português, que trabalhamos para que venha a ser uma das referências mundiais do açafrão em filamentos», garantem os responsáveis.
Explicam à AGROTEC que o açafrão SUBER deve o seu nome ao local onde é produzido. «Uma propriedade de montado de sobro e azinho na freguesia de Montalvão, concelho de Nisa, distrito de Portalegre. Trata-se de uma área conhecida pelos seus solos pobres, e o açafrão SUBER é produzido onde espécies como o sobreiro conseguem desenvolver-se. Os bolbos de açafrão são oriundos de regiões com solos pobres, de zonas climáticas com grandes diferenças entre verão e inverno e de pouca pluviosidade».
Os sócios-gerentes afirmam que a produção de açafrão «não se cinge apenas à parte produtiva propriamente dita. A sua colheita é complexa e onerosa, feita de forma manual, tal como todo o processamento posterior».
A história desta jovem empresa familiar, na freguesia de Montalvão, concelho de Nisa, começou em 2013. Ao todo são 4 pessoas: dois engenheiros agrónomos, um gestor e uma historiadora de arte. «Uma junção improvável, mas que funciona na perfeição!», dizem à revista AGROTEC. O projeto arrancou em 2014 e o seu açafrão é produzido num sobreiral do norte alentejano, que confere «características únicas ao produto».
«A tosta, processo de desidratação deve ser feita sempre pela mesma pessoa, de forma a garantir a uniformidade e qualidade do produto final. O selo de produto biológico é também algo de que nos gabamos e mais um argumento de exclusividade do nosso açafrão.
Existem também determinadas regras de higiene no trabalho que são tidas criteriosamente em conta, de forma a não comprometer a qualidade do açafrão, na altura de realizar as análises laboratoriais», sublinham.
A colheita tem início no final de outubro, prolongando-se por um mês. Durante esse período, «focamo-nos somente na colheita da flores durante a manhã, pela separação dos filamentos e tosta durante a tarde, pois é necessário que todo o processo seja realizado no mesmo dia. Nunca se deixam flores para colher no dia seguinte ou qualquer outro processo. Se tal for feito, então o açafrão passa automaticamente para uma categoria inferior», explicam.
Mercados
Quanto ao mercado para a venda de açafrão em filamento, os responsáveis afiançam que «existe mais procura do que oferta». Por outro lado, «os compradores estão cada vez mais informados acerca do açafrão que devem ou não comprar. No caso do Lagar do Clavijo, o mercado em que nos inserimos atualmente é o das lojas gourmet um pouco por todo o país e Europa, e também o da restauração».
(Continua).
Nota: Este artigo foi publicado na edição n.º 28 da Revista Agrotec.
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