A realidade e os desafios para a efetivação de uma viticultura de precisão

As metas para um desenvolvimento global sustentável sublinham a importância, as vantagens e a necessidade critica de desenvolver uma Agricultura Digital e de Viticultura de Precisão (VP) que garanta uma intensificação inteligente. Para tal importa, a recolha, a organização, o processamento, a comunicação/partilha e a atuação de dados em sistemas de suporte à decisão espacial associados às técnicas diferenciais e equipamentos de débito variável (VRT), rastreabilidade e informação ao consumidor.

Por: Joaquim Mamede Alonso, Cláudio Paredes, Pedro Castro, Ivone Martins, Susana Mendes, Isabel Valin, Helena Machado, Ana Sofia Rodrigues e Manuel Marinho Cardoso

Os avanços (esperados e necessários) encontram-se condicionados pelo conhecimento, mas acima de tudo por aspetos tecnológicos, organizacionais e de capacidade humana. Estas possibilidades e as vantagens da VP implicam inovações e a vulgarização das suas técnicas e a efetiva adoção/adaptação pelos produtores e agentes do sector.

Neste artigo exploram-se os desafios de organização e colaboração (multidisciplinar e inter-organizacional) numa clara relação entre os avanços científicos, o desenvolvimento tecnológico, a capacitação, e a adoção da VP para a inovação dos territórios e unidades rurais.

Introdução

A promoção da qualidade de vida de uma população mundial crescente e mais exigente, incluindo na garantia dos direitos humanos à alimentação bem como, a conservação ambiental e da biodiversidade requerem uma intensificação inteligente da produção agroalimentar. A inovação tecnológica e organizacional associadas ao avanço e digitalização do conhecimento das atividades de produção, transformação, distribuição e consumo alimentar podem contribuir para a sustentabilidade global e em particular, dos espaços rurais.

A consciência da multidimensionalidade que limita a efetivação das vantagens reconhecidas à AP e VP implica discutir e realizar propostas para uma maior adoção, otimizar os meios disponíveis e necessários bem como, maximizar os respetivos impactes esperados da Agricultura de Precisão no quadro de uma intensificação sustentável e inteligente.

As promessas da agricultura de precisão mostram-se interessantes e atrativas. No entanto deve-se continuar a avançar na oferta de soluções e principalmente em ultrapassar as barreiras que garantem a maturidade, a funcionalidade e utilidade da Viticultura de Precisão.

Uma análise sistémica e atenta mostra que a efetivação da adoção da agricultura de precisão e por outro lado, a melhoria dos impactes esperados indicam importantes desafios à inovação e adoção de agricultura de precisão ligados com:

• os avanços das políticas e práticas de I&D+i;

• os desafios de desenvolvimento e a aplicação tecnológica e técnica;

• os esforços e avanços necessários no ensino, formação e treino profissional;

• as necessidades críticas da organizaçãoe capacitação dos agentes para o desenvolvimento da Viticultura de Precisão.

Neste quadro de definição e implementação de políticas e práticas de I&D+i considera-se ainda a relevância e a natureza critica do ensino e da formação bem como, da organização/capacitação dos agentes para o desenvolvimento da Viticultura de Precisão.

Os avanços e práticas associadas às políticas e práticas de I&D+I

A VP é uma área de aplicação multi e transdisciplinar em que convergem/contribuem muitas disciplinas de conhecimento científico e técnico incluindo as ciências da vida e da terra, as tecnologias e os sistemas de informação bem como, as ciências sociais, humanas e económicas (ex. o conhecimento da curva de absorção e disponibilização de água e azoto para a planta influencia a decisão e procura das tecnologias e técnicas para aplicar os fatores de produção corretos, na quantidade, no local e no momento adequados).

Este esforço e avanços nestas áreas e sectores devem apresentar uma natureza colaborativa e implicar programas de investigação e inovação claros, discutidos e assumidos perante desafios de longo, médio e curto prazo. Estas necessidades devem estabelecer um quadro/ modelo de financiamento público e privado aberto a todas as propostas válidas e consequentes que envolvam as empresas de produção, as tecnológicas e os prestadores de serviços. Os diversos agentes devem ter um papel ativo/ interveniente de forma que possam partilhar visões, riscos e potenciais resultados (produtos e serviços).

A definição de Centros de Investigação, Cluster e mesmo, de um Laboratório Colaborativo pode ajudar a centrar atenção, focalizar esforços e mesmo, à interação entre todas as partes interessadas. Estes projetos de I&D+i devem prever a participação em redes de trabalho e conhecimentos (inter)nacionais existentes ou em constituição bem como, de grupos de trabalhos interinstitucionais em temas legais, tecnológica/ técnicos e de mercado críticos à implementação da AP/VP. Os projetos e as iniciativas financiadas a nível nacional e europeu devem incluir relatos e divulgações periódicas, a publicação e a partilha obrigatória dos resultados da ciência, manuais e relatórios técnicos para todas as partes interessadas nomeadamente, orientados para os agentes do sector.

Continua

Nota: Este artigo foi publicado na Agrotec nº31

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