A produção de mirtilos no Oregon (EUA)

Por: David Bryla, Investigador em hortifruticultura na Universidade do Oregon (Estados Unidos da América)

A Unidade de Investigação de que faço parte está localizada no “campus” universitário da Oregon State University, no estado do Oregon, Estados Unidos.

O Oregon produz atualmente 3.200 hectares de mirtilos com uma média de 10,2 toneladas deste fruto por hectare. No ano passado, os preços praticados foram de 1,98 dólares por quilo de fruto processado e 4,50 dólares por quilo de fruto fresco. O valor total da produção de mirtilos em 2012 ascendeu a 108 milhões dólares.

O clima na região do Oregon é ideal para a cultura de espécies de mirtilo do norte. As condições climatéricas contemplam frio e humidade no inverno e tempo quente e seco no verão. Temos alguns problemas com pragas e doenças e a maior parte da apanha do fruto é feita através de colheita mecânica.

Trata-se de uma técnica que permite rapidez e eficiência, podendo uma máquina colher cerca de 15 hectares por dia, o que reduz consideravelmente o custo da mão-de-obra.

O mirtilo está bastante maduro no ato da colheita. Por isso, pelo método da colheita mecânica o fruto colhido não é apropriado para o mercado de produtos frescos. Alguns produtores têm desenvolvido métodos de colheita mecânica para o mercado de fruto fresco com o recurso a colheitas mais frequentes e categorização durante o processo de embalagem.

A planta de mirtilo cresce melhor em solos bem drenados, com alto teor de matéria orgânica e baixo pH (de 4,2 a 5,5). No entanto, em muitas regiões, o mirtilo é cultivado com sucesso em solos menos adequados através da modificação das práticas culturais tradicionais, tais como o recurso à fertirrigação e a água para irrigação acidificada. Tradicionalmente, as plantações de mirtilo no Oregon são irrigadas por aspersão e complementadas com a aplicação de serradura. Hoje em dia, no entanto, muitos novos campos são irrigados pelo sistema gota-a-gota e cobertos com tecido em polietileno (tapete de erva). O sistema gota-a-gota reduz em cerca de um quinto a quantidade de água necessária para a irrigação relativamente à rega por aspersores e reduz o risco de contaminação da fruta a partir de água estagnada à superfície. O sistema gota-a-gota também permite que os produtores possam injetar fertilizantes no sistema de gotejamento (fertirrigação). Descobrimos que a fertirrigação, na verdade, aumenta os requisitos de fertilizantes em novos plantios (1-2 anos), mas também aumenta o crescimento e a produção de frutos em relação ao uso de fertilizantes granulados. No entanto, também descobrimos que sistema gota-a-gota aumenta o potencial de apodrecimento radicular do mirtilo e limita a produção em plantações com vários anos, a não ser que seja adicionada uma linha de irrigação extra. Os canteiros podem ajudar a reduzir o apodrecimento radicular, resultando em mais produtividade do que uma plantação em terreno plano. O tecido em polietileno está a ser preferido devido ao alto custo de serradura e é muito eficaz em reduzir o aparecimento de ervas daninhas, mas o impacto da sua utilização a longo prazo na saúde do solo é desconhecida. Ao contrário de serradura, a matéria orgânica do solo diminui com o polietileno e a temperaturas do solo é geralmente muito mais elevada. Estamos e investigar o uso a longo prazo do tecido de polietileno nas nossas plantações biológicas de mirtilos.

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As cultivares mais comuns plantadas no Oregon, neste momento, são das espécies "Duke", "Draper”, “Liberty” e “Aurora”. A maioria das plantas é desenvolvida a partir de outras plantas e colocadas em recipientes no viveiro, no que chamamos de “field ready” (campo pronto). Caso seja necessário, o pH do solo é modificado antes da plantação, através da colocação de enxofre elementar. Também a serradura é muitas vezes incorporada de modo a aumentar a matéria orgânica do solo. O azoto é o nutriente primário aplicado como fertilizante, embora outros nutrientes, tais como B, são aplicados quando necessário.

Quando são utilizados fertilizantes granulares, o sulfato de amónio é aplicado geralmente quando o pH é acima de 5,5, e ureia é aplicada quando o pH é inferior a 5. Os fertilizantes são geralmente divididos em três aplicações iguais e aplicados uma vez por mês após o rebento da folha. Uma solução aquosa de ureia ou nitrato de ureia e amónio (UAN-32) é frequentemente utilizada na fertirrigação. Muitos produtores também estão a utilizar ácidos orgânicos.

A maioria dos campos de mirtilo é polinizada na primavera com recurso a abelhas. Um pomar de mirtilo leva geralmente 6 a 8 anos para atingir a produção plena. A colheita do fruto começa normalmente no final de junho e, dependendo da espécie, continua até final ou início de setembro. Algumas cultivares são suscetíveis de danos causados ??pelo calor e requerem um sistema de irrigação para arrefecer o fruto. A informação sobre como e quando o mirtilo deve ser arrefecido ainda é limitada, mas o trabalho sobre este assunto está em investigação no nosso laboratório de modo a desenvolver orientações sobre o arrefecimento do fruto.

Os problemas provocados por doenças no mirtilo incluem cancro bacteriano causado pelo “Psuedomonas syringae”, “Botrytis” na flor, doenças nos galhos, doença na baga causada por "Monilinia vaccinii-corybosi”, apodrecimento radicular causado por “Phytophthora cinnamomi” (e possivelmente outras espécies), e várias viroses, tais como o BSIV e o vírus da mancha anelar do tomate. Os principais problemas incluem pulgões (inseto que transmite vários vírus) e manchas drosófilas, a última das quais apareceu apenas há alguns anos atrás. As manchas drosófilas causam danos tanto no fruto maduro como imaturo e podem resultar na perda considerável da colheita. Felizmente, esta doença tem sido relativamente fácil de controlar através do recurso a inseticidas. Pássaros e roedores (esquilos e ratazanas) são também uma das principais pragas e são difíceis de controlar. Alguns produtores estão a recorrer ao uso de falcões para controlo de aves, uma prática que está a ter bons resultados.

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