A colheita é uma operação cultural, determinante na qualidade do mirtilo

Por: Clara Vasconcelos, Gonçalo Bernardo, Paula Pinho e Sílvia Lemos, Técnicos da AGIM

Portugal atravessa tempos difíceis, com taxas de desemprego elevadas, levando os nossos jovens a procurarem alternativas, nomeadamente em programas de apoio para projetos na área da agricultura no âmbito do PRODER. Entre as culturas mais procuradas encontra-se a cultura do mirtilo, que tem vindo a tomar dimensão por todo o país. A cultura do mirtilo é, sem dúvida, rentável e prova disso é número de projetos já aprovados a nível nacional.

Portugal, pelas suas condições edafoclimáticas, localização e o saber fazer das suas gentes, reúne potencial para ser um dos principais fornecedores de mirtilo de excelente qualidade para o mercado em fresco na Europa.

Estamos em época de colheita do mirtilo, e é fundamental saber que a colheita é determinante para a qualidade dos frutos. O ato de colher é uma operação de grande responsabilidade, que dita o valor do fruto e a garantia de mercado. Deste modo, poder-se-á afirmar que vale a pena investir na formação para a colheita, uma vez que a qualidade faz-se no campo.

Para que o produtor possa determinar e planear a época de colheita para as diferentes cultivares de mirtilo, é necessário ter o historial da cultura, ou seja, um caderno de campo, onde vai registando todas as práticas culturais, estados fenológicos e condições climáticas de campo.

A colheita do mirtilo para consumo em fresco é manual, necessitando por isso de muita mão-de-obra. Como a grande maioria das cultivares tem maturação escalonada, tal leva à necessidade de se fazer várias passagens pelo pomar para colher toda a produção. O critério mais utilizado para a determinação da data da colheita é a cor, que deve ser homogénea e com a presença de pruína. Outro fator a ter em conta é o Grau Brix que, aquando da plena maturação, deve ser maior ou igual a 11º Brix.

Para a colheita, é necessário respeitar outros fatores, de modo a garantir e manter a qualidade do mirtilo, dos quais se destaca: Manter os pomares livres de infestantes; Manter os caminhos e acessos em bom estado de conservação de forma a reduzir o impacto mecânico aquando do transporte do fruto; Garantir a higiene e segurança e a ergonomia dos trabalhadores; Colher nas horas em que as temperaturas são mais baixas e sem humidade nas plantas (orvalho matinal ou nevoeiro intenso); Apanhar o fruto com o mesmo grau de maturação (coloração homogénea e com a presença de pruína); Fazer registos de Grau Brix, (na plena maturação, deve ser maior ou igual a 11º Brix ); Evitar danos mecânicos, fisiológicos e patológicos;

Garantir a higienização e a segurança alimentar; Colher por variedade, (uma só variedade em cada embalagem, cuvete ou tabuleiro); Garantir a homogeneidade do calibre em cada cuvete; Colocar o fruto diretamente na embalagem de comercialização (sempre que possível); Separar o calibre por categorias de acordo com os requisitos da entidade comercializadora (extra, categoria I e II); Proteger o fruto do sol após colheita, e de preferência refrigerado (de modo a baixar a temperatura do seu interior para o valor próximo da sua temperatura de conservação); Diminuir ao máximo o intervalo de tempo entre a colheita e a colocação na câmara frigorífica de modo a minimizar a atividade metabólica dos frutos.

A Qualidade do mirtilo português irá contribuir para colocar Portugal na vanguarda da produção de pequenos frutos, à semelhança do que já se nota na produção de framboesa.?Sem dúvida que se pode ver no mirtilo e no investimento associado a ele um futuro para a economia do país. Aumentar as nossas exportações e diminuir as importações é um fator essencial e, para isso, basta fazer o melhor aproveitamento dos nossos solos e do nosso clima.Não é por acaso que em tempos este fruto foi batizado de “Ouro azul”!

Boas colheitas….

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