Reguengos de Monsaraz quer ser Capital dos Vinhos de Portugal

O mundo vitivinícola é, há muito, a «imagem de marca» de Reguengos de Monsaraz e, depois de ser Cidade Europeia do Vinho 2015, o concelho alentejano quer, agora, assumir-se como Capital dos Vinhos de Portugal.

vinhos

«Já registámos essa marca, porque consideramos que Reguengos de Monsaraz é, de facto, uma das grandes capitais dos vinhos de Portugal. Queremos assumir essa marca territorial, sem vergonha», diz à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal local, José Calixto.

Esta nova imagem promocional, já apresentada na edição deste ano da BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa, surge depois de Reguengos de Monsaraz ter ostentado, durante um ano, o “selo” de Cidade Europeia do Vinho 2015.

O evento, de dimensão europeia e que terminou em fevereiro, fez incidir sobre este concelho do distrito de Évora os «holofotes» da atenção mediática nacional e internacional, evidenciando a importância local do mundo da vinha e dos vinhos.

Segundo o balanço do município, no ano passado, muito por causa do evento, o número de turistas no concelho aumentou quase 20%, em comparação com 2014, tendo sido contabilizadas 160 mil visitas a museus, exposições, igrejas e postos de turismo.

Foram realizadas cerca de 150 atividades e estabelecidas 120 parcerias com entidades, nomeadamente os produtores de vinho locais, diz o autarca, estimando que 3,5 milhões de pessoas tenham tido conhecimento da distinção e contacto com eventos organizados durante o ano, no país e no estrangeiro.

A Cidade Europeia do Vinho, visitada por mais de 30 operadores turísticos estrangeiros e dezenas de jornalistas, «foi a aposta do município na valorização de um setor que é o motor da economia local e com impactos regionais», frisa José Calixto.

«Obviamente que nada será como antes. Tivemos um palco para promover o vinho de Reguengos de Monsaraz, a que jamais teríamos acesso, em várias frentes e em dezenas de locais por esse mundo fora», reconhece.

Mas, não é de agora que Reguengos de Monsaraz e o vinho «andam de mãos dadas». A vinha é cultivada há séculos na região e a produção vinícola tem peso histórico.

«Em qualquer lado do país, quando se fala de Reguengos de Monsaraz as pessoas associam ao vinho», lembra o autarca, que lidera a Rede Europeia de Cidades do Vinho (RECEVIN).

Miguel Feijão, presidente da Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz (CARMIM), a maior cooperativa vitivinícola do país e líder do mercado nacional de vinhos de qualidade, produz 65 referências, num total de cerca de 18 milhões de litros, salienta que a zona, «em termos históricos, sempre foi de muito vinho».

«Existiram sempre muitas vinhas e chegou a haver mais de 290 adegas grandes», complexos onde «se fazia o vinho de forma artesanal, nas talhas de barro, e com um balcão de madeira, com cadeiras e bancos, para as pessoas irem fazer o seu petisco e beber o seu copo de vinho, ao fim da tarde», recorda.

Essa «mania do vinho», como lhe chama Miguel Feijão, não se perdeu com o passar dos anos, nem com a evolução do setor vitivinícola do Alentejo, muito pelo contrário.

Hoje, de acordo com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Reguengos de Monsaraz é «a maior» das oito subregiões vitivinícolas do Alentejo e «uma das mais prestigiadas», sendo também aquela «onde a propriedade se encontra mais fragmentada, com áreas médias de vinha reduzidas para as referências tradicionais alentejanas».

É no concelho, lembra o autarca, que se localizam «um dos maiores produtores privados do país, a Herdade do Esporão», que fez a sua primeira colheita em 1985 e possui a vinha mais extensa da Europa (450 hectares), e «a maior cooperativa vitivinícola de Portugal, a CARMIM», que “nasceu” em 1971, com 60 associados, e que, hoje, tem mais de 850, dos quais 450 na área vitivinícola.

«Há aqui uma concentração enorme, produzimos cerca de 30 milhões de litros de vinho de qualidade por ano e temos um total de nove produtores. O Alentejo produz 42% dos vinhos engarrafados em Portugal e Reguengos representa um terço desse valor», realça José Calixto.

Segundo o presidente da CARMIM, os vinhos produzidos nesta subregião «sempre tiveram qualidade» e «são conhecidos no mundo inteiro», mas o presidente da Câmara argumenta que nem sempre foi assim, chegando a haver uma altura, no século passado, em que «a região importava vinho sem qualidade do oeste».

O concelho, com cerca de quatro mil hectares de vinha, tem, pois, «uma imensa riqueza» e é este potencial no setor dos vinhos, em ligação com a história e o turismo, que a Câmara quer aproveitar: “é esse o grande objetivo estratégico, criar valor e potenciar os vinhos, a gastronomia, o enoturismo e o património», conclui José Calixto.

Fonte: Lusa 

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