Por: Dep. Técnico Frutas Douro ao Minho S.A. (texto e fotos)
A Actinidea arguta (Kiwi Arguta ou Baby Kiwi), da família Actinidaceae, é uma liana frutífera vigorosa e dioica com origem na Ásia Oriental. É uma planta rustica que resiste a temperaturas invernais baixas (-7 a -12ºC, para plantas encascadas) embora sendo bastante sensível a geadas e ventos fortes na primavera, podendo daqui resultar perdas importantes de produtividades, pelo facto de possuir um pedúnculo muito frágil. Ventos primaveris com velocidades iguais ou superiores a 60km/h poderão causar dessecação dos pedúnculos causando quebras significativas de produção. Alertamos para as primaveras atípicas que nos são agronomicamente fatais, para esta cultura, devendo ser de primordial importância a escolha da zona de instalação do pomar.
O departamento técnico da organização de produtores (O.P.) Frutas Douro ao Minho leva a cabo o acompanhamento da produção de pomares de Arguta, a nível nacional, analisando todo o seu comportamento e potencial económico. Na zona de entre Douro e Minho foi verificado, em 2012, um ataque a este fruto, pela Ceratitis Capitata ou mosca do mediterrâneo, a qual perfura a baga e coloca os seus ovos a fim de se desenvolverem. Este facto causa efeitos nefastos em toda a produção levando ao seu amadurecimento precoce e posterior queda, causando assim reduções consideráveis de produção e de qualidade final do produto.
A maturação desta variedade é precoce (em relação ao seu congénere Hayward), sendo a colheita realizada a meados de agosto (hemisfério norte), a sua produção média é de 10 a 12 toneladas por hectare, exigindo disponibilização de níveis consideráveis de mão-de-obra manual para a operação de colheita bem como para todos os outros tamanhos culturais.
Deverá ser colhido com ºBrix entre os 8 e 10 de forma a maximizar o seu “shelf life”, e conservado em ambiente controlado sem etileno (sensível a 0.01ppm) a temperaturas de 0ºC e 90-95% de humidade relativa. Nestas condições, pode-se conservar durante aproximadamente 2 meses. A temperatura ambiente (24-25ºC) este produto possuirá um “shelf life” de 3 a 10 dias.
O fruto, Kiwi Arguta, é uma baga de pele fina, lisa, suave, sem pelo e cilindriforme com tamanho a oscilar os 20-28mm de diâmetro e valores de peso entre as 5 e 25g. A sua coloração pode ser verde ou vermelho bordeaux.
A polpa é de cor verde intenso, com uma pequena columela branca e numerosas sementes de tamanho reduzido, tendo um sabor delicado, sumarento e açucarado. Tanto para o seu consumo em fresco como para transformação aproveita-se todo o fruto não sendo necessário eliminar a epiderme ou sementes, mostrando-se ser uma característica bastante apreciada pelos consumidores.
Quando maduro possui entre 18 e 25 % do seu conteúdo em sólidos solúveis, sendo rico em vitamina C (210mg/100g de polpa) cálcio, fósforo, magnésio, fibras, antioxidantes e polifenoís, possui também frutose, glucose e sacarose em proporções balanceadas. Um fruto amigo da saúde, usado há já algum tempo na farmacopeia chinesa.
Os países com expressão ao nível da produção e que fornecem os mercados internacionais são a Nova Zelândia, USA, Canada, Chile, Rússia, China, Japão, Coreia do Norte, França, Itália, Alemanha, Suíça e Austrália. A produção mundial de A. Arguta corresponde já a 17% do total de Kiwi produzido mundialmente, ocupando a A. deliciosa 37%, A. chinensis 31%, A. kolomitka 8% e outros híbridos interespecíficos 7% (Fideghelli, 2012).
O Kiwi Arguta atualmente é detentor de um mercado aliciante, competindo no setor dos pequenos frutos, um nicho de mercado bastante dinâmico e atrativo, estando direcionado sobretudo para a exportação nomeadamente a França, Espanha, Inglaterra e outros países dentro e fora da Europa.
Embora não exista ainda produção, em dimensão significativa em Portugal, o nosso país possui, a nosso ver, excelentes condições para produzir Arguta em quantidades razoáveis e de qualidade superior em aroma, sabor e outros aspetos nutricionais.
Esta é uma variedade com elevado potencial de mercado seja ele nacional ou além-fronteiras, embora tenham de se ter em consideração todos os fatores produtivos relevantes, descritos acima, apostando continuamente no melhoramento tecnológico da produção e no alcance da qualidade de excelência final do produto (que tanto caracteriza os produtos nacionais), só assim conseguiremos a curto médio prazo sermos competitivos neste setor.
O departamento técnico da Frutas Douro ao Minho S.A., efetua o acompanhamento do tecido produtivo de kiwi nacional, aplicando técnicas que maximizem a rentabilidade agronómica não descuidando o cumprimento das boas práticas agrícolas no sentido da conservação ambiental. A figura abaixo ilustra as variedades sobre as quais o departamento técnico exerce a sua ação e estudo, possuindo a curto prazo dados sobre o “shelf life” e comportamento destas cultivares.
